A Borboleta Azul
Naquele
lindo verão
Os
caminhos, ela enfeitava
Com
sua rara beleza
À
luz do sol brilhava
Como
símbolo de esperança
Inspirava
confiança
E
felicidade exalava.
Sonhava
em voar mais alto
Ir
na cidade morar
Transformar-se
em uma linda mulher
E
os horizontes ampliar
Vivendo
em harmonia
Distribuindo
simpatia
E
na história ficar.
Contrariando
a geografia
No
caminho encontrou
Um
fabuloso pinguim
Conhecido
por imperador
Que
junto com a águia negra
Sem
nenhuma incerteza
A
borboleta azul adotou.
Ela
voou de alegria
Porque
só, não mais estava
Que
teria proteção
Certamente
acreditava
Quando
após a curva, avistou
Um
lindo pé de amêndoa, onde pousou
O
que lhe deixou emocionada.
Do
alto da amendoeira
Um
avestruz, ela viu
Que
ao vê-la, do recinto
Ligeiramente
saiu
Como
se incomodado
Ou
sentindo-se ameaçado
O
grande avestruz partiu.
A
borboleta inocente
Na
areia do rio foi pousar
Lá
encontrou um falcão
Que
veio lhe encontrar
Com
expressão de felicidade
Com
um acolhimento sem maldade
Em
suas asas, a deixou descasar.
Construíram
uma parceria
Que
ciúme despertou
Pois
eram tão parecidos
Que
o amor ali reinou
Tinha
um ar de cumplicidade
Tudo
era felicidade
Que
o tempo nunca apagou.
Com
a chegada da primavera
Um
lindo canto escutava
Do
incrível rouxinol
Que
alegremente se aproximava
Disseminando
amor
Deixando
satisfeito, o pinguim imperador
Que
um cuidador encontrava.
Inacreditavelmente
vimos
Uma
grande ave pousar
No
topo de uma ladeira
Era
um grande casuar
Que
com seu jeito diferente
Parecia
convincente
E
pôs a se aproximar.
O
pinguim imperador
Pelos
campos caminhava
À
procura de um lugar frio
De
longe, um macuco avistava
Encontrou
seu preferido
Solitário
e perdido
Que
por nada, o deixava.
Na
sequência da viagem
Uma
calopsita macho encontrou
E
sem nenhuma dúvida
Para
o convívio levou
Pois
era bem carinhosa
Dócil
e bastante cuidadosa
E
muito bem se adaptou.
Pousou
no grande jardim
Em
um ensolarado dia de verão
Um
belíssimo beija-flor
Causando
muita emoção
Alegrando
o ambiente
Deixando
todos contentes
E
ganhando a aprovação.
Em
busca de um clima frio
O
pinguim imperador partiu
Deixando
a águia negra
E
a família, que com ela construiu
Tudo
ficou complicado
Cada
um foi para um lado
E
o elo se partiu.
Os
anos iam passando
De
vez em quando ele voltava
A
família, nunca abandonou
Pois
mesmo de longe cuidava
Sua
maior satisfação
Era
vê-la em união
Isso
muito o alegrava.
A
borboleta azul
Para
cidade voou
Por
melhoria de vida
Ela
muito, sempre lutou
Passou
muita humilhação
Não
encontrou proteção
Mas
do foco, não desviou.
Por
ela ser adotada
Quase
sempre, esteve só
Remando
contra maré
Sofrendo
de fazer dó
Mesmo
assim, acreditou no impossível
Tornou-se
quase indestrutível
E
desatou muito nó.
Cada
vez mais solitária
Via
o tempo passar
Lutou
com todas as forças
Mas
pouco saiu do lugar
De
todos sempre cuidou
Mas
quando ela precisou
Dela,
ninguém quis cuidar.
Já
com a idade avançada
O
pinguim imperador ficou doente
O
rouxinol cuidou dele
De
maneira eficiente
Com
o tempo foi piorando
Suas
forças acabando
E
a respiração diferente.
A
borboleta azul
Ao
lado do pai ficou
E
enquanto foi permitido
Com
carinho, dele cuidou
Mas
como era filha adotiva
Sua
presença foi proibida
Quando
a morte o levou.
Com
a morte do pinguim imperador
Todo
laço se rompeu
E
a solidão da borboleta
Com
isso ainda mais cresceu
Hoje
ela vive isolada
Por
ninguém mais é lembrada
Foi
assim que aconteceu.
Se
outra versão da história
Ouvir
por aí contar
Não
passa de mentirosa
Impossível
de acreditar
É
que é cada palhaço
Que
não encontra embaraço
Para
inocente difamar.
Tem
quem venda a alma ao diabo
Para
poder aparecer
Monta
palco até em velório
Para
o centro das atenções ser
De
anjo vira demônio
Age
como um insano
Tudo
para se autopromover.
Mas
o azul da borboleta
Isso
nada pode tirar
O
seu brilho natural
Ninguém
poderá roubar
Solitária,
porém sorridente
Segue
sendo indiferente
A
quem quer lhe apagar.
Cleonice Machado
Amarante, 20 de novembro de 2022
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