Só Quando a Memória Apagar
Só
quando a memória apagar
Irei
deixar de lembrar
Das
borboletas azuis.
Daquele
pé de amêndoa
Onde
eu gostava de brincar.
Daquela
casa de barro
Da
água escura da fonte
Da
casinha no quintal.
Da
grande ladeira na curva
Do
algodão que eu fiava
Daquelas
secas palhadas
Onde
alimento eu ia pegar.
Do
carvão de caneleiro
Da
pescaria com arroz
Ou mesmo do fachiar.
Como
esquecer da labuta
Dos
desafios constantes
Que
até mesmo a esperança
De mim às vezes afastou?
São
coisas que na memória
Insistem
em permanecer
E companhia me fazer.
Quando olho para traz
Percebo
a minha força
E
minha perseverança
Pois
pequena fui um dia
No
entanto, não tive infância.
O
que trago na lembrança
É
a dor de uma criança
Sonhando
um dia vencer
Para
do sofrimento esquecer
Ou da memória deletar.
Mas
como deixar de lembrar
Do
que me motivou a lutar
Na
vida acreditar
E
a realidade mudar?
Só
quando a memória apagar
Irei
deixar de lembrar
Daquela
toalha de saco de pano
Com
o meu nome bordado
E
daquele vestido de chita
Que
presente mais bonito!
Dos
vestidos de princesa
Que
quando pequena usei.
Dos
longos cabelos pretos
Do
futebol com os meninos
Das
medalhas nas corridas
Que
pela vida ganhei.
Dos
boletins só com O
Que
por 10 depois troquei.
Dos
cadernos que eu usava
Sem
nenhuma linha saltar
E
nenhuma folha arrancar
Para
o ano inteiro durar.
Mas
como deixar de lembrar
Do
que me motivou a lutar
Na
vida acreditar
E
a realidade mudar?
Só
quando a memória apagar
Irei
deixar de lembrar
De
cada pessoa que ao meu lado
O
caminho percorreu.
De
cada palavra dita
De
cada colo oferecido
De
cada ombro amigo
Que
a mim ofereceu.
Das
que comigo falaram
Das
que até se calaram
Para
a vida as levarei.
Das
com quem eu aprendi
Até
das com quem insisti
Das
com quem eu convivi
E
das com quem nem falei.
Tudo
é aprendizado
Pois
até com o não falado
Pude
muito aprender.
Pessoas
são um presente
Que
entram na vida da gente
Para
nos ensinar a viver.
Só
quando a memória apagar
Irei
deixar de lembrar
Dos
amores que vivi
E
até dos que fantasiei
Porque
em meu coração morou.
Alguns
deles complicados
Outros
até encantados
Que
meu sossego tirou.
Cada
um com sua história
Gravado
em minha memória
Que
o tempo não apagou.
Momentos
de alegria
Momentos
de nostalgia
Cada
um assim marcou.
Os
que queriam ficar
Os
que só queriam passar
Meu
coração registrou.
Existem
os superados
Existem
os não encerrados
Que
o vento não levou.
Cada
um com o seu jeito
Bateu
ou bate no peito
E
a mim, um dia encantou.
Os
que estão no meu sonhar
Os
que insistem em ficar
No
peito e provocar dor.
Vivido
ou sufocado
Saudável
ou complicado
Adormecido
ou enraizado
O
que importa é o amor.
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